Por um tempo, Wesley de Oliveira Quirino se sentiu perdido. Sem saber qual caminho seguir, enveredou-se no mundo das drogas e do tráfico. Foi no Instituto Ramacrisna que sua vida se transformou, após encontrar seu propósito: a música. Nas cordas do violoncelo, seu talento desabrochou. Por amor à arte e à música, Wesley conquistou novas perspectivas. Há oito anos ele é violoncelista na orquestra e este ano se tornou e chefe de naipe de violoncelos e instrutor, agora repassa seus conhecimentos para os novos alunos. “A música foi como um estalo, me transformou de dentro para fora. Foi uma revolução na minha vida artística e financeira”, conta ele, que planeja se tornar um músico reconhecido.
A Orquestra Jovem Ramacrisna completa, neste mês de agosto, 17 anos com inúmeras histórias como a de Wesley. Formada atualmente por 40 músicos de 10 e 24 anos, entre eles, crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social da comunidade de Vianópolis, em Betim, a Orquestra leva beleza, arte e poesia, em forma de música, por onde se apresenta. Nascida em 2005, após a doação de sete violinos, ela se tornou um dos mais importantes projetos do Ramacrisna. Seu rico repertório reúne músicas clássicas e grandes sucessos da música popular brasileira (MPB), que encantam e transformam vidas.
O grupo já se apresentou nos principais espaços culturais da região metropolitana de Belo Horizonte e tem no currículo parcerias com artistas como Banda Tianastácia, Trio Amaranto e os tenores italianos Claudio Mattioli e Massimiliano Barbolini, Saulo Laranjeira, entre outros.
Histórias de transformação – Entre os músicos, há outras histórias de superação, transformação, cura e recomeços. Sarah Maia é outro exemplo. Em 2012, ela entrou na Orquestra buscando ajuda para uma depressão. Começou a estudar trompa e se apaixonou pelo contrabaixo, hoje seu instrumento principal. Na música, encontrou muito mais do que a cura para suas dores, mas uma profissão e um novo sentido para a vida. Hoje, Sarah ajuda outros jovens como ela, como instrutora da Orquestra. A jovem continua estudando muito e quer ser maestrina.
“Para mim, o Ramacrisna significa exousia [poder, em hebraico]. Eles exercem sobre nós um poder de transformação. Permitem para a nossa vida uma metanóia, uma mudança radical de vida, de pensamento […] sou muito grata. Não estaria onde estou hoje se eles não tivessem investido e insistido em mim”, afirma Sarah.
Inscrito na Orquestra pela avó contra a sua vontade, quando tinha 11 anos, Davi Sassaki ficou chateado até ouvir o som do oboé. Foi amor à primeira vista. A dedicação e o aprendizado do instrumento contribuíram para que Davi fosse aprovado em 1º lugar no vestibular para o curso de musicista da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Davi segue dedicado e sonha ser o primeiro oboísta da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.
Habilidades reveladas – Para Solange Bottaro, vice-presidente do Ramacrisna, o projeto tem sido um divisor de águas na vida dos alunos. “A Orquestra reúne crianças e adolescentes que chegam inseguros, mas logo descobrem habilidades incríveis. E muitos deles veem na música a oportunidade de ter uma profissão e de realizar o sonho de cursar uma faculdade e ter uma fonte de renda”, afirma.
Bacharel em Violino pela UFMG e pós-graduado em Neurociência e Psicanálise Aplicada à Educação, o maestro Eliseu Martins de Barros exalta o projeto, comandado por ele desde 2014 . “Muitos alunos chegam ao projeto com a autoestima destruída, não se sentindo capazes. Em pouco tempo, transformam-se. Eles são muito talentosos e inteligentes e aprendem as lições rapidamente”, orgulha-se.
Casa da Orquestra – No ano passado, a Orquestra Jovem Ramacrisna ganhou uma casa de 500 metros quadrados de área construída, para aulas de música e ensaios gerais. Até então, os ensaios eram realizados nos jardins do Ramacrisna e na área aberta em frente às salas onde eram guardados os instrumentos. “Agora, com a Casa da Orquestra foi possível ampliar o projeto, oferecendo um espaço lindo e com mais conforto para os nossos alunos”, destaca Solange.
Apoio – As empresas que têm interesse em ajudar na ampliação do projeto podem contribuir com doações diretas ou por meio da destinação de parte do Imposto de Renda para o Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente (FDCA). Atualmente, três empresas são parceiras da Orquestra Jovem Ramacrisna: A Nova Transportadora do Sudeste (NTS), que destina recursos através do FDCA, a Hotmart, que contribui pelo programa interno de doações, chamado Hotmart One, e a Essencis, que também faz repasses via FDCA.