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A pandemia pegou vários setores de surpresa. A educação foi um dos mais afetados, mas também um dos que ofereceu respostas com mais rapidez. Escolas, universidades e outras instituições de ensino adaptaram projetos e rotinas para o ambiente digital.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de 44 milhões de crianças e adolescentes passaram da sala de aula para o ambiente online em 2020 no Brasil, devido à pandemia.
Não faltam desafios, mas com a persistência dos profissionais, é possível fazer com que as aulas online na pandemia deem certo. No Instituto Ramacrisna, a equipe focou em estratégias para manter os alunos motivados, mesmo em um momento tão difícil.
Cerca de 600 alunos frequentavam as aulas presenciais do Ramacrisna, antes da pandemia, nos turnos da manhã, tarde e noite. Para manter a dinâmica dos cursos, foram adotadas ferramentas e plataformas virtuais gratuitas, como o Google Meet e o Google Classroom.
Para o professor Daniel Garcia, do curso de robótica industrial, a adaptação foi complicada no início mas, com o tempo, ficou mais fácil administrar. Ele fez testes gravando e assistindo às próprias aulas para entender o que poderia ser melhorado.
Amanda Coelho é aluna do curso de robótica industrial e conta que seu rendimento continua muito bom no formato online: “o professor é muito prestativo, explica muito bem e tem muita paciência, então tem sido ótimo”.
O Instituto Ramacrisna é uma organização social que desenvolve projetos de aprendizagem, profissionalização, geração de trabalho e renda, tecnologia, cultura e esporte para jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social.
“Estamos funcionando fluidamente, de segunda a sexta-feira, com lives, atividades práticas, dinâmicas e vídeos no formato EAD, para os alunos assistirem quando tiverem dúvidas. Também estamos em comunicação constante por email” explica Flávia Martins, psicóloga e instrutora do Instituto.
O Ramacrisna também adaptou o funcionamento de projetos que já existiam na organização, como a Orquestra Jovem: os instrumentos foram emprestados para que os alunos praticassem em casa. Já o programa Se Cuida Jovem passou a oferecer encontros virtuais com psicólogos parceiros.
Foram criadas, ainda, novas iniciativas para incentivar o engajamento dos alunos no ensino à distância:
O professor Daniel Garcia está utilizando o Google Classroom para gerenciar as aulas online de robótica na pandemia. Ele disponibiliza vídeos gravados (as chamadas aulas assíncronas), de quatro ou cinco minutos, porque pode ser difícil reter a atenção dos alunos por mais tempo que isso.
Ao menos uma vez por semana, acontece uma aula ao vivo, para tirar dúvidas dos alunos sobre o conteúdo ministrado nas aulas gravadas. Em algumas ocasiões, acontecem aulas práticas no Instituto, com um revezamento de alunos, para respeitar o distanciamento social.
Como muitos alunos não têm computador em casa, Daniel foi em busca de alternativas para que os alunos continuem praticando de outro jeito. Ele sugeriu o uso de aplicativos de celular para fazer as atividades práticas de programação.
Amanda vai começar a ter aulas práticas pontuais em março. Nos próximos meses, o Ramacrisna deve voltar parcialmente ao modelo de ensino presencial. As turmas serão reduzidas para 50% da capacidade, com um máximo de 10 alunos por sala.
O professor Daniel acredita que o ensino à distância (EAD) é um modelo que funciona bem. A principal vantagem é que o aluno pode organizar melhor seu próprio tempo e escolher quando estudar e assistir às aulas. Ele avalia que esse modelo vai continuar sendo usado no futuro, mesmo em um momento pós-pandemia.
Amanda concorda: ela concluiu que os dois formatos (presencial e à distância) se complementam, e gostaria que um modelo híbrido fosse seguido no futuro. A aluna já está pensando em fazer outros cursos do Instituto, depois que finalizar o de robótica industrial.
“É muito difícil se deslocar com frequência, tanto pela questão financeira quanto pelos riscos à saúde. É fundamental que tenham aulas presenciais, uma ou duas vezes por semana, mas o ensino à distância ajuda muito o aluno que mora longe”, explica.
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