Quase 3,7 milhões de jovens brasileiros estão sem trabalho. Para se ter uma ideia, nos primeiros três meses de 2022, a taxa de desemprego em todo o Brasil ficou em 11%. Mas na faixa de 18 a 24 anos beirou os 23%. Dez anos atrás, o desemprego para esse grupo estava em 16%.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e mostram que a dificuldade histórica dos jovens em conseguir o primeiro emprego. Nesse Dia Internacional da Juventude, conheça a realidade dos jovens brasileiros e as ações do Instituto Ramacrisna voltadas para inclusão e capacitação.
Desemprego e desocupação
Se a crise causada pela pandemia e pela guerra na Ucrânia pode dar a ideia de que esse é um problema novo, saiba que não é bem assim. Segundo o Atlas das Juventudes, entre 2019 e 2020, a cada 50 jovens brasileiros, 11 não trabalhavam e nem estudavam – a chamada geração nem-nem. Só que, ao contrário do que possa parecer, esses jovens não estão desocupados por desinteresse.
Muitas vezes, as oportunidades esbarram nas barreiras de gênero e de renda. Ainda segundo o Atlas, mais da metade dos jovens nem-nem estava fora do mercado porque necessitava de apoio para participar de cursos de qualificação.
Sabendo dessa necessidade de apoio, o Instituto Ramacrisna tem projetos direcionados para a qualificação de jovens. Com cursos profissionalizantes e ações específicas para adolescentes e jovens em vulnerabilidade social, o Instituto dá oportunidades para moradores de Betim e mais 13 cidades da RMBH.
Em relação aos cursos, são ofertadas turmas de robótica industrial, micro empreendedor individual, oficina de tecnologia e programação, operador de programador, modelagem e impressão 3D, elétrica/fotovoltaica, audiovisual, mecânica de automóveis, soldagem e autocad, por exemplo.
Além disso, no curso Jovens de Futuro, os adolescentes aprendem conceitos importantes e necessários para começar a caminhada rumo ao mercado de trabalho. São temas como: falar em público, orientações para entrevista de emprego, ética, atendimento ao cliente e relacionamento interpessoal. Ou seja, é uma preparação para os jovens se tornarem aprendizes.
Para a vice-presidente do Instituto Ramacrisna, Solange Bottaro, as ações impactam positivamente as carreiras dos jovens.
“A oportunidade de qualificação profissional oferecida aos jovens, possibilita sua entrada no mercado de trabalho, ampliando seus horizontes, inclusive de aumento de escolaridade e impacto positivo em suas carreiras. É a construção de um futuro promissor e melhoria de toda a sociedade, pois os jovens são o futuro do país”.
Apoio mesmo durante a pandemia
Mesmo com as restrições por conta da Covid-19, as ações do Instituto Ramacrisna não foram interrompidas. Só em 2021, foram realizados 3.676 atendimentos diretamente na sede do Instituto e contribuímos para a distribuição de 12.540 doações. Já na parte de profissionalização, foram 26 turmas em 12 cursos, com 701 alunos qualificados.
Somente nas aulas do Ampliando Fronteiras, em parceria com a Brazil Foundation, foram 197 estudantes qualificados em 9 turmas correspondentes a 6 cursos. Além disso, o projeto Construindo o Futuro, com patrocínio da Petrobras, qualificou mais de 900 alunos em 8 cursos, divididos em 71 turmas.
Além de cursos profissionalizantes, o Instituto Ramacrisna também capacita e faz a ligação entre empresas e adolescentes aprendizes. Assim, é o primeiro contato com o mercado de trabalho e uma forma de dar mais oportunidades para esses jovens. Em 2021, 387 adolescentes atuaram como aprendizes em 96 empresas parceiras.
Educação e baixa procura pelo Enem
A pandemia não só aumentou o desemprego, mas também trouxe dificuldades na educação dos jovens. Isso pode ser ilustrado pela diminuição no número de inscrições no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021: apenas 3,1 milhões de estudantes se cadastraram para fazer a prova, que é a principal porta de entrada para o ensino superior no Brasil. É o menor número desde 2005.
Mas apesar da baixa, uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas mostra que a educação ainda é vista como o melhor caminho para alcançar o um futuro promissor. O Instituto Ramacrisna também acredita na força transformadora da educação, Por isso, ele investe em ações voltadas para a capacitação de jovens.
É o caso do projeto Novos Rumos, que oferece profissionalização para adolescentes em situação de vulnerabilidade social, em cumprimento de medidas socioeducativas ou egressos. Para isso, o projeto utiliza a qualificação profissional para possibilitar o crescimento pessoal, acesso ao conhecimento e acompanhamento de atividades escolares.
Oportunidades para a juventude e melhorias para todos
A participação dos jovens no mercado de trabalho e em cursos de qualificação não proporciona apenas uma melhoria individual ou de um núcleo familiar, mas também pode trazer benefícios para todo o país.
De acordo com o Atlas das Juventudes, a inclusão dos jovens pode evitar prejuízos de até 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países. Além disso, esse mesmo levantamento estima que, se 40% dos jovens latino-americanos nem-nens tiverem uma capacitação, todo o país tem mais chance de crescer tanto econômica quanto socialmente.
E a prova de que essas mudanças realmente acontecem já podem ser sentidas pelas comunidades atendidas pelo Instituto Ramacrisna. A vice-presidente Solange Bottaro dá um panorama das melhorias que o investimento nos jovens já trouxe.
“O jovem, ao se qualificar e entrar no mercado de trabalho, beneficia não somente a ele, mas sua família e comunidade. Aumenta a autoestima de todos e se torna uma referência para um novo patamar social que transforma a todos que o cercam e traz dignidade e reconhecimento como novos fatores de cidadania”, detalha.
Olhar para as jovens
No dia internacional da juventude, não podemos esquecer das meninas. Para elas, a situação é ainda mais preocupante. Para se ter uma ideia, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), a cada três trabalhadores desempregados, dois são mulheres. Metade das pessoas que estão desempregadas por muito tempo tem entre 17 e 29 anos.
Para ampliar as oportunidades para meninas e jovens, o Ramacrisna criou o Meninas em Rede. Trata-se de um projeto que busca a inclusão delas nas áreas de Tecnologia e Inovação, dominadas por homens. Assim, as alunas participam de oficinas de programação, de desenvolvimento de ferramentas tecnológicas, de xadrez, de gerenciamento humano, de Indústria 4.0 e de IOT. Além de atividades esportivas e culturais. Dessa forma, o projeto introduz as meninas na inovação, com incentivo para a educação.
Na oficina de Tecnologia e Programação, as alunas aprendem os processos de desenvolvimento de aplicativos, de incorporação das interfaces e de experiência do usuário. Além disso, as meninas conhecem referências femininas na área de tecnologia que servem de inspiração para as jovens. Por fim, na conclusão das aulas, as alunas desenvolvem um aplicativo mobile.
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Sobre o Dia Internacional da Juventude
O Dia Internacional da Juventude foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) e existe desde 1999. A data tem como objetivo reconhecer lideranças jovens e pôr em foco a educação e a conscientização da responsabilidade e do papel das juventudes.
Todos os anos, o dia internacional da juventude tem um tema. Em 2022, é “Solidariedade Intergeracional”.
Só no Brasil, mais de 40% da população é considerada jovem, segundo o IBGE, o correspondente a aproximadamente 50 milhões de habitantes nessa faixa etária.
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