Algumas pessoas nascem para se dedicar a fazer o bem. Um exemplo é Solange Bottaro, vice-presidente do Ramacrisna. Ela chegou ao Instituto em 1973, para fazer aulas de yoga, e nunca mais saiu, assumindo o comando dos projetos que transformam a vida de milhares de pessoas.
Cuidar do Ramacrisna é algo que ela faz há cinco décadas. Por isso, não é surpresa que Solange saiba tudo sobre o Instituto. Mas antes de comandar a instituição, ela mergulhou de cabeça no sonho do professor Arlindo Corrêa da Silva, fundador da organização.
A seguir, saiba como começou a história.
O começo de tudo
O Instituto ainda se chamava Missão Ramacrisna quando Solange chegou, em 1973. Ela era uma das alunas de yoga comandadas pelo professor Arlindo. Até então, a referência que ela tinha do trabalho eram os mantras, que a deixaram encantada.
Mas, quando se tornou uma Yoguin, como eram chamados os alunos, Solange percebeu que ali encontraria uma resposta para uma busca interior. Logo, a Missão se tornou um espaço seguro. Isso porque, focada na espiritualidade em vez da religiosidade, o ponto forte da instituição era o trabalho em conjunto. Não havendo, assim, conflitos de interesse. Ao contrário: todos comungavam na ideia de desenvolvimento proposta pelo professor Arlindo.
“No início, só tinha luz dentro dos prédios, lá fora não tinha. Já cheguei a ficar seis meses sem ir à Belo Horizonte. O telefone chegou em 1982. O professor trazia as crianças da grande BH para serem cuidadas no Ramacrisna. Depois que muitas famílias do Norte de Minas começaram a vir para essa região em busca de uma vida melhor é que o Ramacrisna passou a atender a comunidade. A partir da década de 90 é que a comunidade passou a frequentar mesmo a Instituição. Tudo aquilo que o professor ensinava com relação a espiritualidade, nós tínhamos que colocar em prática. Foi um aprendizado de fortalecimento muito grande”, lembra.
Junto com outros Yoguins, Solange se mudou para Betim, para ajudar o professor. Desde então, ela nunca mais saiu. Aluna dedicada, logo se tornou o braço direito do mestre, vendo de perto a dedicação em fazer do mundo um lugar melhor.
Dentro dela, já havia uma sementinha da importância de dedicar a vida a fazer o bem. “Nunca achei que a vida deveria ser resumida em cuidar apenas das pessoas com quem temos laços de sangue. A gente deve sempre buscar uma forma de estar servindo, fazer a diferença na vida das pessoas”, reflete.
A proximidade entre mestre e aluna fez com que Solange fosse uma das escolhidas por Arlindo para dar continuidade à sua obra. Ao lado de pessoas que comungavam dos mesmos ideais e dedicação à causa, ela passou a cuidar da organização em todas as áreas, acompanhando de perto o andamento dos projetos e o impacto das ações na vida das pessoas.
Continuidade ao legado
Mas Solange conta que essa transição não foi um momento fácil. Além de lidar com a perda de uma pessoa muito querida, o falecimento do professor Arlindo significou perder aquele que tomava todas as decisões. “Foi o momento de tomar um posicionamento e dar continuidade ao trabalho. Eu tive que me reinventar como pessoa, me tornando mais forte e tomando decisões”, define.
Naquele momento, Solange, que acompanhava de perto os projetos de dentro do Instituto, passou a sair das portas do Ramacrisna, em busca de mais parceiros. “Eu comecei a sair, conhecer pessoas para continuar a obra, trabalhar o relacionamento, que é uma coisa que eu faço até hoje”, resume.
Na prática, Solange busca empresários e organizações sociais que possam contribuir para a continuidade do Ramacrisna. Mas isso não significa que ela deixou de lado a vivência com os projetos. Isso porque, mesmo com a agenda lotada, ela acompanha de perto cada um dos colabores e alunos, se tornando uma referência.
“Minha vida é a atuação no Ramacrisna, foi a escolha que eu fiz desde muito nova”, declara. Não é à toa que, para ela, o Instituto passa longe de uma obrigação. “É a minha realização profissional e espiritual, tudo gira em torno desse trabalho”, destaca.
Crescimento do Ramacrisna
A cada ano, o Instituto amplia sua área de atuação, aumentando o número de pessoas atendidas, ganhando reconhecimento e trazendo cada vez mais inovação para a comunidade. Para isso, o trabalho de Solange é fundamental.
Mas ela explica que a quantidade de atendimentos não faz sentido se não manter a qualidade. “Tudo que a gente faz é pensando na qualidade e não na quantidade, embora o crescimento da instituição tenha acontecido com muita naturalidade, com importantes premiações e reconhecimentos”, avalia.
Hoje, o Ramacrisna tem um trabalho ligado à tecnologia, o que possibilita maiores possibilidades para o futuro profissional de crianças e adolescentes. Solange conta que o Instituto é pioneiro no trabalho com inteligência artificial ainda na infância. “A gente tem sempre esse foco de buscar ampliar nossa atuação, sempre no que é importante para a criança, no que é importante para a qualidade de vida dela, das famílias e da comunidade em que ela está inserida”, pontua.
Além do trabalho com a comunidade, o Ramacrisna se tornou um exemplo de gestão, transparência e compliance. Solange conta, orgulhosa, a reputação conquistada pelo Instituto: “É a gestão que viabiliza os prêmios e o reconhecimento do Ramacrisna. É uma busca constante pela governança da organização. Tudo está muito ligado. Minha vida gira em torno disso.”
A paisagem repleta de verde e o contato com a natureza combinam com a plenitude de sua vida. “Eu sou muito feliz, porque eu escolhi um caminho que realmente fosse de grandes alegrias e resultados. Gosto do que eu faço, de viajar e, tenho um marido que tem o mesmo objetivo de vida que eu”, cita.
Com 50 anos de trabalho no Ramacrisna, Solange ainda espera fazer muito mais. Ela, que chegou curiosa para saber do trabalho do professor Arlindo, sonhou os mesmos sonhos que ele e fez dos projetos a sua vida. “Eu acho 50 anos um tempo enorme e tem sido muito prazeroso. Eu vim sem conhecer direito e fui ficando, fazendo parte da obra. Agora não existe outro olhar que não seja ficar aqui enquanto for possível”, finaliza.
Conheça o Ramacrisna
Há 64 anos, o Instituto Ramacrisna trabalha para melhorar a vida de milhões de pessoas em vulnerabilidade social moradoras de 12 cidades da Grande BH. Os projetos incluem opções saudáveis, seguras e gratuitas de lazer, esporte, cultura, educação, profissionalização e inserção no mercado de trabalho.
Conheça as iniciativas e contribua para dar continuidade ao nosso trabalho.