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8 de setembro de 2025

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Quais os desafios da alfabetização infantil no Brasil em 2025?

A alfabetização infantil segue sendo um dos principais obstáculos na educação brasileira em 2025.

 

Embora haja avanços, os dados mais recentes revelam que o país não alcançou a meta nacional para o percentual de crianças alfabetizadas até o 2º ano do ensino fundamental. Entender esses desafios é essencial para pensar em ações eficazes.

O que dizem os dados? 

Segundo o Ministério da Educação (MEC), em 2024, 59,2% dos estudantes do 2º ano do ensino fundamental no Brasil são capazes de ler e escrever textos simples. Esse índice representa melhoria em relação a 2023, quando era 56%.

A meta estabelecida pelo governo federal era de 60% para esse grupo etário – portanto, o país ficou muito próximo, mas não bateu o objetivo. 

Entre os estados, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Ceará, Goiás e outros se destacaram por atingir ou superar metas estimadas. Por outro lado, estados como Amazonas, Bahia, Paraná, Pará e Rondônia apresentaram desempenho inferior ao de 2023.

Indicador de alfabetização

Para fins da avaliação do MEC, o indicador usado é o Indicador Criança Alfabetizada, baseado no sistema Saeb e na Pesquisa Alfabetiza Brasil, do Inep.

Para ser considerado alfabetizado no fim do 2º ano, o aluno precisa:

  • ler pequenos textos, localizar informações em textos curtos;
  • compreender tirinhas ou quadrinhos;
  • escrever, ainda que com desvios ortográficos. 

Impactos da pandemia na Educação infantil 

Os efeitos da covid-19 ainda reverberam fortemente: a queda na aprendizagem registrada entre 2019 e 2021 foi acentuada, com muitos alunos tendo perdido ritmo de leitura e escrita. 

A transição para aulas remotas agravou desigualdades de acesso à internet e a materiais educativos de qualidade.

Além disso, desastres naturais também tiveram papel significativo. No Rio Grande do Sul, por exemplo, enchentes em 2024 reduziram drasticamente o índice de alfabetização: o estado registrou, em 2023, cerca de 63,4%, que caiu para 44,7% em 2024. 

Esse desastre é citado pelo MEC como um dos fatores que impediram o país de alcançar a meta. 

Recursos, formação docente e material didático

Ainda persiste a carência de professores adequadamente formados para alfabetização, além da falta de material didático atualizado e contextualizado para as diferentes realidades regionais. 

A gestão e a alocação de recursos em muitos municípios também não têm sido suficientes ou eficientes.

Evasão escolar e deserção

Embora muitos alunos estejam matriculados, há casos de abandono ou falta de frequência que comprometem o processo de alfabetização. 

Crianças que não concluem o ano ou que faltam frequentemente têm maiores dificuldades de acompanhar os conteúdos progressivamente.

Desse modo, se os índices não melhorarem, tende a haver:

  • Aumento das desigualdades educacionais entre regiões mais favorecidas e menos favorecidas;
  • Dificuldades futuras para o aprendizado em anos subsequentes (leitura mais complexa, interpretação de textos, produção textual);
  • Menos chances no mercado de trabalho e para o desenvolvimento pessoal;
  • Impactos sociais mais amplos, como maior vulnerabilidade à exclusão.

Articulações para a alfabetização infantil 

Políticas públicas integradas: 

  • Investimentos direcionados para alfabetização nos primeiros anos do ensino fundamental;
  • Planos estaduais e municipais com metas claras e monitoramento constante;
  • Apoio emergencial em áreas afetadas por desastres naturais ou crises específicas.

Formação e valorização de professores:

  • Oferecer capacitação contínua em metodologias de alfabetização moderna;
  • Produzir e distribuir material didático que dialogue com a cultura regional das crianças;
  • Reconhecimento e apoio pedagógico para professores que atuam em contextos de vulnerabilidades.

Participação da família e da comunidade: 

  • Incentivar leitura em casa, contar histórias, dialogar sobre textos simples;
  • Parcerias com bibliotecas, organizações culturais e projetos sociais;
  • Sensibilização da comunidade escolar para a importância da alfabetização precoce.

Uso de tecnologia educativa:

  • Ferramentas digitais e jogos pedagógicos que estimulem leitura, escrita, vocabulário;
  • Plataformas e dispositivos que permitam acesso remoto ou complementar, especialmente para alunos que enfrentam barreiras de deslocamento ou acesso físico;
  • Avaliação de impacto contínuo para ajustar essas tecnologias às realidades locais.

O papel do Instituto Ramacrisna e do CAER

O Instituto Ramacrisna segue contribuindo para mudar esse cenário por meio de seu projeto Centro de Apoio Educacional Ramacrisna (CAER). As principais ações são:

  1. Mesa Alfabetizadora Digital

    • voltada para crianças de 6 a 13 anos;
    • recurso interativo em que letras e sílabas são encaixadas em blocos coloridos num painel digital;
    • reconhecimento digital das letras, construção de palavras, interpretação de textos e atividades de ortografia.

  2. Atividades complementares

    • oficinas culturais: fábulas, provérbios, cantigas de roda, trava-línguas;
    • esportes e artes: xadrez, futsal, vôlei, peteca;

  3. Apoio integral

    • alimentação diária (almoço e lanche), inclusive em períodos de férias;
    • material escolar e vestuário fornecidos para incentivo à participação regular.

Essas ações têm contribuído para reduzir a evasão escolar e o trabalho infantil na comunidade atendida, além de elevar o nível de escolaridade das crianças e adolescentes.

O futuro da alfabetização infantil do Brasil 

Com metas claras, compromisso de gestão pública e apoio da sociedade civil, é possível que o Brasil ultrapasse os atuais 60% no indicador de alfabetização até 2030,  meta estabelecida pelo MEC para estados brasileiros.

 Atingir esse objetivo dependerá de ações coordenadas, urgência no atendimento das áreas mais prejudicadas, e de um investimento sustentável.

Isso porque, a alfabetização infantil não é apenas uma etapa da educação: é a base para todo o aprendizado que virá depois. Os dados de 2024 mostram progresso, mas também indicam que há muito a fazer para que cada criança brasileira aprenda a ler e escrever desde cedo, com qualidade.

O Instituto Ramacrisna convida você a fazer parte dessa transformação: apoiando, difundindo ou participando de projetos que valorizem a alfabetização infantil, porque é com a educação que construímos um futuro mais justo.

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